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domingo, 7 de dezembro de 2008

SOBRE DIAS DE SOL QUENTE E NASCENTE DE NÓS MESMOS



































Ao som de araras despertei em Chapadão do Céu/GO. Ligo o mp3 e Ed Mota canta pra mim: “Nascente” – “clareia manhã...” - Deve ser bom presságio.
Nascentes – é pra lá que eu vou.
Depois de 700 km de Ribeirão Preto-SP a Chapadão do Céu/GO eu definitivamente vou começar a pedalar – pela meiga Rosângela que apóia minhas loucuras, pela Laura e Rafa, pelos amigos que duvidam e acham graça, por mim e pela minha eterna Mãe.
Vontade exagerada de viver.
06:45 e lá vou eu em direção ao Parque Nacional das Emas e 11km pra frente entro à direita e sigo pela Fazenda Sucuriú que já fica em MT. Mais 10 Km e lá estou eu na nascente.
Aqui o rio brota da terra em inúmeros lugares – ao mesmo tempo e em tempos diferentes. No varjão ele se espalha, se mistura. Duas nascentes – Água Amarela e Sucuriú – um para cada lado – ali se misturam “se emendam” e depois nunca mais se encontrarão. Acho que no fundo é um só.
Água emendada – disse-me um velho. Água emendada ou misturada? Perguntei. Aqui emenda, meu filho – disse sorrindo.
Estou pisando no coração do aqüífero Guarani. A maior reserva de Água doce do mundo e é incrível como este campo alagado e plano confunde o meu olhar.
Circundei 10 km do varjão, olhando e tentando entender aquilo.
_ Uns 200 metros pra frente a água fica borbulhando. Falou-me um rapaz que passava de jipe.
Passa pouca gente por aqui. Fico torcendo, pois toda hora tenho a sensação que estou perdido ( é tudo igual para o olhar).
Disseram que a terra era ruim – “Só Cerrado, nem gado come. Só botando fogo e aí os bois comem os brotos” – Mas, um dia misturam calcário e adubo e a terra ruim virou terra boa e fértil. A acidez era perfeita e deu de tudo e com fartura (algodão, milho, soja e cana)
- Mas isso não é ruim para o ecossistema?
Aluízio Cabral, presidente da Sociedade Ecológica de Turismo Ambiental de Chapadão do Céu e um apaixonado por corredeiras, defini bem:
- “Não é o que plantar, mas como plantar” Veio o algodão, a soja e agora a cana, mas isso não assusta mais. Segundo ele qualquer agricultor da região sabe que não dá para produzir se não preservar o meio ambiente.
Não é por causa do IBAMA (só 06 pessoas na região), nem políticas estaduais ou federais, mas sim, a necessidade de se manter o negócio: A terra tem que continuar viva. Será?
As curvas de níveis são feitas atualmente com esmero e corretamente, porque, caso contrário o calcário, o adubo se perdem nas enxurradas, na lama e a erosão acaba com a terra. As nascentes são protegidas, assim como as reservas, porque caso contrário os impactos ambientais vão fazer as chuvas minguarem, e sem chuva – sem grãos - sem riqueza – sem produção.
A Natureza fiscaliza a vida e usa suas armas – ainda bem! Mas até quando?


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